Se você é do tipo aventureiro, que busca explorar destinos menos convencionais e com paisagens de tirar o fôlego, a Costa Oeste é o lugar ideal.
Quando falamos em Estados Unidos, a primeira coisa que vem à mente de muita gente são os parques da Disney e as ruas movimentadas de Nova York. Mas, acredite, os EUA têm muito mais a oferecer.
Passamos 15 dias rodando por quatro estados da Costa Oeste: Califórnia, Nevada, Arizona e Utah. Foram quase 5 mil km de estradas e cenários deslumbrantes, passando por grandes cidades como Los Angeles, Las Vegas e San Francisco, e explorando alguns dos parques nacionais mais incríveis que o país tem a oferecer.
Para quem tem um tempo limitado, como nós, esse roteiro é perfeito, apesar de não dar para explorar cada detalhe das cidades com calma. Mas, se você gosta de viajar rápido e sentir a energia de cada lugar, prepare-se para uma viagem inesquecível.
Melhor época para esse roteiro
A melhor época para viajar pela Costa Oeste depende do tipo de paisagem que você quer ver. Fizemos essa viagem em setembro de 2024 e posso dizer: foi o calor mais intenso que já senti na vida. Em alguns trechos, entre Barstow, na Califórnia, e Page, no Arizona, pegamos temperaturas que beiravam os 50 graus. Se não fosse o ar condicionado do carro, não sei como teria aguentado.
Por causa do calor extremo, acabamos deixando de fazer algumas atrações, como o Death Valley, que é um dos lugares mais quentes do mundo. Se você está planejando essa viagem, recomendaria viajar na primavera ou no outono, pois o inverno na região também não é brincadeira, com nevascas e temperaturas negativas em algumas partes.
Dia 1: Chegada em Los Angeles
Nossa jornada começou em Los Angeles, a cidade que seria nossa base para a viagem. Saímos de São José dos Pinhais (PR), onde moramos, com um trajeto um pouco longo de três voos: primeiro para São Paulo, depois para Chicago, e finalmente, para Los Angeles. Chegamos à cidade no meio da tarde e fomos direto para pegar o carro.
Retirada do carro
Optamos pela locadora Avis, que é bastante recomendada nos EUA, e escolhemos a categoria SUV, já que sabíamos que algumas estradas exigiriam um carro mais alto. Meu marido é fã da Chevrolet (Chevy, para os americanos), e esperávamos conseguir algum modelo da marca. No entanto, o carro disponível para nós foi um Ford Escape, o que foi uma surpresa positiva, pois ele nos surpreendeu com o conforto e a economia durante a viagem.
Após a retirada do carro, não perdemos tempo e fomos direto a um dos clássicos da Califórnia: um hambúrguer no In-N-Out. Com as energias recarregadas, fomos até o Pier de Santa Monica para uma caminhada e para assistir ao pôr do sol. Um ótimo começo para a nossa road trip.


Dia 2: Rota 66 e Las Vegas
Acordamos cedo, fizemos check-out e seguimos para Las Vegas, nossa próxima parada. O dia foi longo, com uma viagem de cerca de 4 a 5 horas até o deserto de Nevada. Durante o percurso, fizemos várias paradas interessantes:
- San Bernardino: onde está o primeiro McDonald’s do mundo, que hoje funciona como um museu.
- Museu da Rota 66: um lugar que conta a história dessa estrada histórica.
- Foto na estrada com a pintura da Rota 66: Clássico para registrar a viagem pela estrada mais famosa do mundo.

- Vagões de trem do McDonald’s: um restaurante único para uma refeição rápida.
- Calico Ghost Town: uma cidade fantasma que nos transporta para o Velho Oeste. Não conseguimos parar aqui nessa viagem, pois descobrimos que a entrada não era gratuita (em 2018 ainda era). Devido ao forte calor, não achamos que valeria pagar $8 por pessoa e não conseguir aproveitar o passeio. Mas se estiver em um dia mais fresco, é parada obrigatória.
- Peggy Sue’s 50’s Diner: um restaurante retrô perfeito para um lanche no estilo anos 50.
- Alien Fresh Jerky: um lugar diferente e interessantes, para comprar carne seca e lembrancinhas alienígenas.
- Seven Magic Mountains: um campo de esculturas coloridas no deserto. Rende belas fotos!
- Bass Pro Shops: uma enorme loja de equipamentos para atividades ao ar livre. Passaria horas vendo tudo que tem nessa loja. Não compramos nada, mas deu vontade.
Chegamos em Las Vegas no final da tarde e, depois de deixar o carro no hostel, pegamos um Uber para explorar a cidade à noite (uber não sai barato, porém seria mais caro pagar estacionamento para o carro perto dos pontos turísticos). As luzes, os cassinos e a agitação de Vegas são algo indescritível, e passar um tempo por lá foi uma experiência única. Nessa primeira parada em Las Vegas (mais pra frente teríamos outra), exploramos apenas uma noite na cidade.

Dia 3: Page e Bryce Canyon
Acordamos cedo no dia seguinte e seguimos para o Bryce Canyon National Park, uma viagem de cerca de 4 horas de Las Vegas, fazendo parte do Estado de Utah. Paramos inclusive para tirar foto com a famosa placa de Utah no caminho.
O parque é famoso por suas formações rochosas únicas, chamadas hoodoos. As trilhas são impressionantes, e a vista é de tirar o fôlego. Se você gosta de trilhas, como eu, o parque oferece várias opções de percursos, e posso garantir que o esforço vale a recompensa, com paisagens absolutamente surreais. À tarde, seguimos para Page, onde passaríamos a noite. A cidade é um ponto estratégico para visitar vários pontos famosos da região, como o Horseshoe Bend e o Monument Valley.
Dia 4: Horseshoe Bend e Monument Valley
O quarto dia começou com a visita ao Horseshoe Bend, uma das vistas mais espetaculares que já vi. Não paga para entrar, mas há uma taxa de estacionamento de $10. Fique atento: o local não tem nenhuma proteção nas bordas do precipício, então, por questões de segurança, é bom tirar fotos com cuidado.
Depois, fizemos um bate-volta para o Monument Valley, famoso pelas cenas do filme Forrest Gump. O trajeto é longo, mas a beleza do lugar compensa o esforço. É um cenário único no estado do Arizona. Fomos lá atraídos pelo ponto famoso do filme, que hoje é conhecido como “Forrest Gump Point”, mas como já estávamos lá, resolvemos entrar no parque para conseguir ver as formações rochosas de mais perto. O ingresso custa $8 por pessoa.

Quem tem mais tempo, pode explorar outros parques nacionais na região, como o Arches National Park, que está relativamente próximo. Nós voltamos para o nosso hotel em Page para passar mais uma noite.
Dia 5: Grand Canyon e Williams
Saímos de Page bem cedo, empolgados para explorar o famoso Grand Canyon. São cerca de 2,5 horas de viagem até o parque, e ao chegar, a sensação de estar diante de uma das sete maravilhas naturais do mundo é indescritível.
O Grand Canyon é simplesmente imenso! Dica: se você tiver disposição, faça o South Kaibab Trail, uma das trilhas mais famosas do parque, mas esteja preparado para um bom desafio físico. A tarde foi dedicada a explorar o Grand Canyon Village, onde é possível caminhar pelo Rim Trail.
Saímos do parque no final do dia e seguimos para Williams, uma cidade charmosa na famosa Rota 66. Ela tem aquele ar nostálgico de cidades pequenas dos EUA, com motéis de época e cenários que parecem filmes. Passamos a noite por lá e curtimos o clima tranquilo da cidade.

Dia 6: Seligman e Las Vegas
O sexto dia foi dedicado a rodar pela lendária Rota 66, e uma parada imperdível foi em Seligman, uma cidade que parece ter saído de um filme antigo. Inclusive, a cidade foi inspiração para cenários do filme Carros.
Seligman é um dos lugares mais clássicos da Rota 66, repleta de lojas e cafés decorados com mobília dos anos 50. Se você gosta de história e cultura americana, vai se encantar com cada detalhe das lojas e dos carros antigos estacionados nas ruas.

Depois de uma tarde nostálgica, pegamos a estrada novamente, sentido a cidade de Fresno – CA, cidade que seria nossa base para visitar o Sequoia National Park. Entre Seligman e Fresno são quase 8 horas de viagem. Então, para aproveitar o deslocamento, fomos parando em algumas cidades no caminho.
Inclusive, Las Vegas novamente, onde pudemos explorar um pouco durante o dia, já que em nossa primeira parada na cidade não havia sido possível. Chegamos em Fresno já de noite para descansar e curtir o parque no outro dia.
Dia 7: Sequoia National Park
Acordamos em Fresno e pegamos a estrada rumo ao Sequoia National Park. A entrada do parque está a cerca de 1h30 da cidade. As árvores gigantes do Sequoia são impressionantes.
A famosa General Sherman Tree, que é a árvore mais volumosa do mundo, te deixa de queixo caído. Se você curte trilhas, a Moro Rock Trail é uma das mais famosas do parque e oferece uma vista incrível lá de cima. No final da tarde, voltamos para Fresno e dormimos mais uma noite por lá. No dia seguinte iríamos para o Yosemite National Park.

Dia 8: Yosemite National Park
O Yosemite é um daqueles lugares que você precisa visitar ao menos uma vez na vida. É um paraíso para os amantes de trilhas e natureza. Chegamos ainda no início da manhã e já começamos a explorar suas belezas. O El Capitan, uma formação rochosa gigante, e a famosa Half Dome são as atrações mais icônicas. Se você gosta de escalada, aqui é o lugar, mas mesmo para os visitantes que preferem explorar a pé, há trilhas de todos os níveis.
Dentre as trilhas mais famosas está a Lower Falls Trail, porém não fizemos essa, porque, quando fui, era época de seca e não havia cachoeiras, o que é um dos atrativos dessa trilha. Então, optamos por trilhas mais simples, focadas em caminhada e contemplação, aproveitando as paisagens incríveis ao nosso redor. Exploramos o parque até o final da tarde.

A ideia para aquela noite seria conseguir algum lugar para dormir no carro, até mesmo alguma vaga de camping dentro do parque. Como não conseguimos e estávamos muito cansados, seguimos viagem para San Francisco e paramos em um hotel na cidade de Stockton para passar a noite.
O lugar não era dos mais agradáveis, com uma vibe GTA, quem jogou entende hahaha. Mas pelo menos temos história para contar.
Dias 9 a 12: San Francisco
Chegamos em San Francisco e passamos quatro dias explorando essa cidade vibrante e cheia de personalidade. Não dá para falar de San Francisco sem mencionar a icônica Golden Gate Bridge.
O visual do famoso cartão-postal da cidade é incrível, mas o que mais me surpreendeu foi a sua imensidão quando estamos bem de perto. Caminhar por ela ou simplesmente contemplar a vista do mirante no Crissy Field é uma experiência única.

Visitamos também a Chinatown, Pier 39 e outros pontos turísticos essenciais da cidade, como a Lombard Street, famosa por suas curvas sinuosas, e o Fisherman’s Wharf, com suas delícias de frutos do mar. Não cheguei a visitar o Alcatraz, pois o tempo estava meio fechado, mas exploramos todos os outros principais pontos turísticos e pude aproveitar ao máximo o que San Francisco tem a oferecer.
Dias 13 e 14: Los Angeles
De volta a Los Angeles, tivemos mais dois dias para aproveitar tudo o que deixamos para trás no início da viagem. Visitamos Hollywood, com suas estrelas na calçada da fama e o famoso letreiro da cidade, além de explorar a badalada Santa Monica e o charmoso Beverly Hills.
Passeios como o Griffith Observatory, com uma vista fantástica da cidade, nos mostraram o quanto Los Angeles é muito mais do que apenas Hollywood e suas praias. Passear por Venice Beach, com suas lojas excêntricas e o famoso Muscle Beach, foi uma forma descontraída de fechar nossa visita à cidade.

Dia 15: Retorno para o Brasil
Após 15 dias incríveis, chegou a hora de voltar para casa. Claro, com o coração cheio de boas lembranças e a mente cheia de novas experiências. A Costa Oeste dos EUA tem uma diversidade única de paisagens, culturas e pessoas.
Foi uma viagem intensa, mas que nos deixou com a sensação de que o melhor de tudo foi a liberdade de explorar cada canto e viver cada momento. Agora, só resta a saudade e a certeza de que voltaremos algum dia.
Dicas de planejamento para essa roadtrip
Antes de pegar a estrada, é importante estar bem preparado para aproveitar ao máximo sua viagem. Aqui vão algumas dicas essenciais para garantir uma viagem tranquila e sem imprevistos:
- Visto Americano
O visto é essencial para entrar nos Estados Unidos, então, se você ainda não tem o seu, lembre-se de solicitar com antecedência. O processo de solicitação do visto pode levar algum tempo, então, planeje-se para evitar contratempos. No momento da entrevista, tenha todos os documentos necessários e esteja preparado para responder às perguntas do oficial de imigração.
- PID (Permissão Internacional para Dirigir)
A PID não é obrigatória, mas é altamente recomendada. Ela traduz sua habilitação para outros idiomas e facilita a comunicação com autoridades de trânsito, além de ser um requisito de muitas locadoras de veículos nos EUA. O processo para obtê-la é simples e pode ser feito nos órgãos de trânsito do Brasil, como o Detran.
- Ingresso Anual para Parques Nacionais
Se você planeja visitar mais de um parque nacional, o passe anual “America the Beautiful” pode ser uma excelente economia. Ele custa cerca de US$ 80 e permite a entrada ilimitada em mais de 2.000 parques nacionais e áreas protegidas dos EUA durante um ano. Vale muito a pena se você estiver explorando vários parques, como fizemos, já que a entrada individual pode variar de US$ 20 a US$ 35 por parque.

- Economizar em Hospedagens
Se você está viajando durante a alta temporada, é bom reservar suas hospedagens com antecedência para evitar preços altos e falta de disponibilidade. Plataformas como Booking.com, Airbnb e hotéis de rede, como o Motel 6, oferecem boas opções de acomodações acessíveis. Outra dica é ficar atento às promoções e até considerar hostels, se a ideia for economizar ainda mais.
- Seguro Viagem
Nunca viaje sem seguro! Nos EUA, a saúde pode ser muito cara, e imprevistos acontecem. Optamos por um seguro viagem que cobria emergências médicas, cancelamentos e até perda de bagagem. Isso nos trouxe muita segurança, já que saber que está protegido em caso de qualquer contratempo faz toda a diferença. Existem diversas opções de planos, e o preço pode variar dependendo da cobertura, então pesquise bem antes de fechar.
Essas dicas vão ajudar a tornar sua road trip mais tranquila, segura e, claro, mais econômica. Com um bom planejamento, você vai poder aproveitar o melhor da Costa Oeste dos EUA sem surpresas pelo caminho!